O Técnico Motivador
O treinador Tico Santana era um folclórico técnico do interior mineiro. Se o apelido vinha da infância, o sobrenome ele herdou da idolatria que tinha por Joel Santana. Imitava o Papai Joel em tudo, desde a prancheta até o jeito paternal e peculiar de motivar seus atletas.
Certa vez, numa decisão da liga local, parecia que Tico Santana ia colocar mais um título em seu extenso currículo. Prancheta debaixo do braço e aos gritos à beira do campo, motivava o time que, retrancado, segurava o 0 x 0 que lhe daria o campeonato.
De repente, faltando cinco minutos para o final do jogo, acontece o imprevisto: o goleiro paraguaio Paredes, que pegava tudo, sofre séria contusão e tem que ser substituído. O problema é que seu substituto, o reserva Rebote, como o próprio nome sugeria, não era nada confiável para agarrar as bolas.
Suando em bicas mas tentando manter a fleuma, o velho Santana tenta motivar seu limitado guarda metas com palavras de ordem:
– Vai lá, campeão! O título agora está em suas mãos! Eu confio em você!
– O senhor acha que estou preparado, professor? – Indaga o assustado Rebote.
– Preparadíssimo, meu filho! Vai lá que o título é nosso!
Assim que o jogo reinicia, contudo, o bravo Tico Santana se vira para seus jogadores, descontrolado, joga a prancheta pro alto, e, aos berros, com as mãos na cabeça, grita:
– Pelo amor de Deus, não deixem chutar no gol de jeito nenhum!!!
Victor Kingma